Como enfrentar o desmatamento a partir de novos paradigmas normativos e da pressão por um financiamento responsável de setores como a produção de carne e soja.
No dia 24 de setembro, participamos de um evento na Semana do Clima de Nova York sobre a sustentabilidade dos sistemas alimentares brasileiros. Organizado pela Transparência Internacional Brasil e dividido em dois momentos, o painel que o ILAJUC foi convidado a compor tratou da Rastreabilidade, Transparência e Integridade da Cadeia da Carne.
A produção de carne brasileira para exportação é a maior responsável pelo desmatamento de áreas do Amazonas, Cerrado e outros biomas, o que causa emissões de gases de efeito estufa astronômicas e contrárias e mina os compromissos globais pela proteção ao clima e meio ambiente.
Participou do painel junto com o ILAJUC a Diretora Executiva da Imazon, Ritaumaria Pereira, que apresentou dados contundentes sobre a expansão da fronteira agrícola da Amazônia com a produção de gado, e reforçou as falhas e desafios do sistema de dados para monitoramento e rastreio dos animais.
Ela foi seguida pela fala do ILAJUC, representado por Luísa Luz, Diretora de Relações Institucionais, que apresentou os potenciais riscos financeiros, legais e reputacionais de responsabilização de corporações e investidores diante das mudanças em parâmetros jurídicos internacionais.
Isso é particularmente relevante com a aprovação da Regulação da União Europeia pelo Desmatamento Zero (EUDR), que impõe um paradigma de desmatamento zero para a produção de commodities, incluindo a carne. Além disso, a nova Diretiva da União Europeia sobre Devida Diligência em Sustentabilidade Corporativa (CSDDD) exige uma mudança para um modelo de devida diligência obrigatória para as empresas em relação às práticas ambientais e de direitos humanos, tornando-as responsáveis não apenas por suas próprias ações, mas também por toda a sua cadeia de produção, incluindo investidores e fornecedores indiretos que possam estar vinculados ao desmatamento, danos ambientais e violações de direitos humanos—como condições análogas à escravidão ou violações dos direitos de comunidades tradicionais.
Com o lançamento do nosso Guia – “Navegando os riscos do desmatamento e abraçando a sustentabilidade em investimentos brasileiros: um guia para investidores” – dialogamos diretamente com os investidores sobre sua obrigação de aplicar processos rigorosos de devida diligência para prevenir, mitigar e solucionar problemas de violações de direitos humanos e ambientais em toda a cadeia de produção de seus portfólios.
Por fim, fechou o debate Rariany Monteiro, Especialista Financeira do WWF Brasil, que apresentou ferramentas para regulação e controle pelo mercado financeiro de seus investimentos, incluindo preocupações e tendências em voga no mercado econômico global.
As publicações produzidas pelo ILAJUC e WWF podem ser encontradas em português e inglês, tanto em sua versão extensa como no formato de um guia prático com o passo a passo que investidores devem adotar para garantir o cumprimento não apenas da legislação brasileira e de normativas internacionais, mas também dos parâmetros necessários de devida diligência para avaliar o compromisso efetivo com a sustentabilidade das empresas que recebem seus investimentos.
Acesse o guia completo em português (aqui) e em inglês (aqui).
Acesse o passo a passo em português (aqui) e em inglês (aqui).