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Grupo BHP e Vale processadas no Reino Unido pelo rompimento da Barragem de Mariana

Título do caso

Município de Mariana x BHP Group (UK) LTD, BHP Group LTD, and Vale AS

País onde ocorreu o conflito/incidente

Brasil

País onde o caso está sendo litigado

Reino Unido

Ano de início do processo

2018

Número de referência do caso

[2020] EWHC 2930 (TCC)

[2022] EWCA Civ 951 

[2023] EWHC 2030 (TCC)

Status do caso 

Aguardando o julgamento

Categorias

Desastres ambientais

Demandantes

Aproximadamente 620.000 cidadãos brasileiros 

Réus

BHP Group (UK) LTD

BHP Group LTD

Vale AS

Questão em debate

Compensação por danos causados pelo rompimento da barragem de Mariana, responsabilidade das empresas controladoras

Referências

Contexto do caso: Em novembro de 2015, a barragem de rejeitos de Fundão, localizada perto de Mariana, no estado de Minas Gerais, Brasil, se rompeu, causando a morte de 19 pessoas e espalhando resíduos tóxicos por mais de 600 quilômetros. Milhares de pessoas foram deslocadas de suas casas, pois vilarejos e fazendas foram submersos pelos rejeitos da mineração. O rompimento da barragem de Mariana resultou em danos ecológicos duradouros e é considerado o pior desastre ambiental da história do Brasil.

A barragem de Mariana era de propriedade e operada pela empresa brasileira Samarco Mineração SA, co-propriedade da Vale SA e da BHP Brasil. O rompimento da barragem foi atribuído a falhas de drenagem e de design.

O caso Mariana tem sido tratado através de extensos litígios no Brasil e por meio de esquemas de compensação no valor de R$ 20 bilhões. No entanto, muitos desses processos legais permanecem pendentes até hoje e alguns foram suspensos, incluindo a principal ação civil pública de R$ 155 bilhões (uma forma de ação coletiva no Brasil), que está suspensa desde 2017.

Início do processo no Reino Unido: Em 2018, mais de 200.000 cidadãos brasileiros entraram com uma ação coletiva na Suprema Corte da Inglaterra contra as empresas controladoras da BHP Brasil, BHP England e BHP Australia, cujas sedes estão em Londres. A BHP Brasil não foi nomeada como parte desses processos. Os reclamantes pediram indenização pelas perdas sofridas com o rompimento da barragem. Eles basearam seu processo contra os réus na legislação brasileira – alegando responsabilidade objetiva como poluidores indiretos de acordo com a legislação ambiental, responsabilidade baseada em culpa de acordo com o código civil e responsabilidade como acionistas controladores de acordo com a legislação societária.

Decisões judiciais: Em 9 de novembro de 2020, a Suprema Corte de Justiça indeferiu o caso, declarando que não tinha jurisdição, principalmente devido aos processos judiciais em paralelo no Brasil.

Os reclamantes apelaram da decisão de declinar a jurisdição e, em 8 de julho de 2022, o Tribunal de Apelação anulou a decisão anterior e declarou que o caso poderia prosseguir no Reino Unido. O Tribunal de Apelação negou as alegações dos réus de que, considerando os processos em andamento no Brasil, permitir que o caso prosseguisse no Reino Unido equivaleria a um abuso de processo. Após uma avaliação minuciosa e extensa dos processos em andamento e dos esquemas de compensação no Brasil, o Tribunal concluiu que a reparação completa não estava disponível para todos os reclamantes nos processos brasileiros, já que muitos deles foram excluídos do escopo da principal ação civil pública pendente de R$ 155 bilhões. O Tribunal também constatou que os processos brasileiros não abordam a responsabilidade dos réus nos processos perante o Tribunal Inglês, ou seja, as empresas controladoras, e, portanto, o grau de sobreposição entre os processos brasileiros e ingleses é limitado. O Tribunal negou o pedido dos réus de suspender os processos, observando que uma decisão final nos processos brasileiros em andamento, se eles forem retomados, é improvável por mais uma década. Portanto, pausar os processos do Tribunal Inglês até a conclusão do caso brasileiro prejudicaria significativamente a capacidade dos reclamantes de buscar reparação e interromperia a administração eficiente da justiça.

Em dezembro de 2022, a BHP procurou incluir a Vale SA no caso para potencialmente compartilhar os danos, caso fossem considerados responsáveis. A Vale SA inicialmente contestou a jurisdição do Tribunal Inglês. No entanto, em 7 de agosto de 2023, a Suprema Corte rejeitou a contestação de jurisdição da Vale, obrigando a Vale a se juntar ao caso como terceira parte.

Em fevereiro de 2023, que foi a data limite para os reclamantes optarem por participar do processo, mais de 500.000 reclamantes aderiram aos processos, elevando o número total de autores para 720.000 e o potencial dano para 36 bilhões de libras, tornando-se a maior ação coletiva da história mundial.

O caso está agendado para julgamento, com início previsto para outubro de 2024.

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